terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Vocem Deae



Confissão: eu escrevi essa fic após reassistir ao Senhor dos Anéis. Era pra ser uma fic mesmo, e yaoi. A verdade é que saiu isso, não ficou nem bom nem ruim, e eu espero que alguém deixe comentário.

Ficou uma original. Classificação +13 por causa do consumo de drogas e das prostitutas.

Pra dar um clima medieval, ouçam Bachen Bene Venies. Eu pensei nessa música o tempo todo em que escrevia a fic.

Me perdoem pelo título absolutamente tosco, mas eu não consegui pensar em nada melhor.

Vocem Deae

Fechou os olhos. Bebera epicamente, como os bons e velhos anões da época da onça. Mas o caneco em sua mão não estava mais frio. A cerveja esquentara.

Abriu os olhos. Aquilo não era uma taverna épica, era uma boate suja, cheia de prostitutas baratas. Mas o ecstasy era bom, o sujeito ao lado acabara com o dele. E saía em frenesi pelo lugar.

Fechou os olhos. Quase podia ouvir uma voz feminina cantar lírico em alguma língua morta e um coro de bêbados responder com o refrão, batendo os pés no chão. Mas despertou quando sua mão foi agarrada.

Abriu os olhos. A polícia. Iam ver a cocaína no balcão, a maconha no bolso. Mas não. Era só uma puta.

Fechou os olhos. A voz dela era aguda como uma faca e suplicante como a dos condenados no inferno. Mas a ouviria até a morte. Cantriz puta.

Abriu os olhos. O que ela queria? A droga turvava a mente e a cerveja, a boca. E ela falava, não era uma língua morta mas era ininteligível, talvez os céus usassem uma mulher assim pra declamar suas profecias.

Fechou os olhos. As damas não ousariam entrar na taverna. Só uma pequenina, muito pequena, de olhos redondos, enormes olhos redondos. Mas não era uma donzela nobre. Cantou, dançou. Era cantriz.

Abriu os olhos. Deus resolvera lhe desdobrar o último livro apócrifo da Bíblia , o Caos Pós-Apocalíptico, pelos lábios da prostituta de voz de vidro? Mas talvez ela só procurasse um trocado.

Fechou os olhos. A cantriz terminava aquela música, sua voz enchia a taverna, o coro de bêbados a admirava, desejava e adorava. Mas nenhum deles ousaria tocá-la, cantrizes são anjos. Profetisas.

Abriu os olhos. A prostituta continuava sua ladainha. Talvez não quisesse um cliente, apenas precisasse falar. E falaria, mas longe dali. Tomou-lhe os pulsos, de repente a cocaína o fizera corajoso. Correu.

Fechou os olhos. O anão ancestral fitava a cantriz como uma beata adoraria Deus. Pessoalmente. Mas nenhum, nem a beata nem o nobre anão poderiam chegar perto da sua divindade.

Abriu os olhos. Queria tirar a puta da zona, queria correr. Mas não dava, havia gente por todos os lados, os ébrios no chão, os ainda em pé dançando. E a prostituta falando a língua morta dos homens vivos. Voz de cristal.

Fechou os olhos. O anão ancestral sabia que, se tocasse a cantriz, descê-la-iam do palco e ela seria arrastada ao meretrício, como seu último suspiro de vida. Mas a tentação era grande, quase tão forte quanto a boa cerveja anã.

Abriu os olhos. Conseguira sair da boate. Agora, en vez da batida eletrônica, ouvia a voz orgânica mas cristalina da puta que devia ser cantora.

Fechou os olhos. Perto do palco improvisado, o anão tirou seu machado das costas e o deixou ali, no chão, ao seu lado. A cantriz declamava a música preferida do pequeno grande bebedor. Mas ele ia fazer assim mesmo. Tomou-lhe o punho, a moça se curvou com o impulso. O anão nem ligou para os cabelos loiros que voaram, só para os olhos redondos, enormes olhos redondos e verdes, antes de beijá-la.

Abriu os olhos. À luz dum poste, puxou a puta pelo punho. Ela se curvou com o impulso. Que se danassem os cabelos loiros, todas tinham. Mas só aquela meretriz teria os olhos redondos, enormes olhos redondos e verdes.

Beijou-a.

-s-s-s-s-s-s-

Notas:

*Agradecimentos ao meu primo Gui, que fez o anão pra mim.

*E por que eu escrevi "cantriz" e não "cantora"? Em latim, "cantora" não existe. O feminino das palavras em "tor" é "triz", tipo imperatriz, atriz, etc. Eu achei melhor pôr cantriz pra dar um ar medieval e porque ela cantava lírico. Cantora é a Ivete Sangalo.

*Se me disserem que eu tenho ouvido Rhapsody of Fire e In Extremo demais, eu não nego.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Sempre que vejo, ouço falar ou leio coisas sobre drogas vejo coisas semelhantes. Vejo sempre o personagem usuário no fundo do poço se afundando cada vez mais até chegar num ponto limitante. Triste, não gosto de drogas.

    Coisas do tipo lembram músicas do Nevermore.

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