domingo, 26 de julho de 2015

Avaí, meu Avaí

Esses dias voltei a falar com a Grazi (depois de mais de seis meses, pensem!) e resolvemos fazer uma fanfic de CDZ (depois de tantos anos, pensem!). Então eu voltei ao fanfiction.net pra olhar as minhas fics antigas e me dei conta de que a maioria não está aqui no blog (até porque eu fiz o blog muito depois de começar a escrever fanfics). Resolvi relê-las e trazê-las para cá, acrescentando um breve comentário.

Essa foi a primeira fic yaoi que fiz. Ela data de março de 2008. Lá se vão bons sete anos. Nesses anos, deu tempo até de fazer uma faculdade. 

Avisos: Saint Seiya pertence ao Kurumada e ao povo da Toei.
A estória contém yaoi (relacionamento homossexual) e lemon (sexo explícito) 

Avaí,meu avaí


Depois de quarenta minutos de sofrimento, o primeiro grito de “gooooooooool!” subiu as escadas de Leão para Virgem, tirando este de sua concentração.

–Maldito futebol!

Pela manhã, Shiryu havia-lhe contado a situação do “timezinho furreca” de Aioria: precisava ganhar de,no mínimo,três a zero,para não ser rebaixado à terceira divisão, pois era o décimo sétimo colocado - primeiro da zona de rebaixamento - e, se vencesse, igualaria o número de pontos e vitórias do décimo - sexto. Para levar no saldo de gols, precisava fazer três - o concorrente tinha dois a mais.

Tentou concentrar-se de novo. Meia suada hora depois, veio o segundo grito, seguido do nome do time,três vezes:Avaí, Avaízão, Avaízaço. Levantou-se: assim não dava. Desceu o lance de escadas que o separava do avaiano doente, encontrando-o em frente à TV, com uma camisa de mangas curtas, listrada verticalmente de azul e branco. O calção era no mesmo tom azul da camiseta, e Shaka prestou atenção no simbolozinho triangular que levava o nome do time.
 
–Aiolia - começou, mas o leonino não ouviu: roía as unhas e xingava o juiz de todos os palavrões que conhecia. Sentou-se por ali mesmo: não conseguiria meditar, e nem tinha outra coisa pra fazer. Ficou vendo o jogo e o martírio do irmão de Aioros.

–Pega essa bola!

–Foi falta!

–Era lance pra cartão!

–Não pode empatar! Não! Não...! Pra fooora!Graças a Deus!

–Vai fazer! Vai fazer! Vai, faz! Chuta! Ah, pegou...
 
–Pênalti! Agora sai o terceiro! Vai bater! Shaka, olha! (...) Gooooooooooool! 

O Leão respirou, como se estivesse uma tonelada mais leve. O placar era de três a zero. O amado Avaí estava a vinte minutos de escapar definitivamente do rebaixamento. A voz irritante do Babão Bueno já estava tirando Virgem do sério:

–Agora que seu time já ganhou, dá pra abaixar o volume?

O Leão obedeceu: 

–Você viu, Shaka? Foi de pênalti, mas foi O golaço.Vai ficar pra história.

–Francamente, não sei que graça tem. Ficar sofrendo assim por essa bobagem.

–Bobagem? O Avaí não pode ser rebaixado!

Virgem sacudiu a cabeça. Não dava pra conversar também. Depois de quinze eufóricos minutos, um grito de “gooooool” em estéreo subiu da casa de Câncer: Máscara da Morte e Shiryu torciam pelo rebaixamento do Avaí. Aiolia queria morrer: a cinco minutos do fim da partida, esse gol? Não, não. Não podia ser! Se empatassem no saldo de gols, seria pelos gols feitos, e o décimo sexto tinha oito gols a mais nesse quesito.

–Nããããão! - E sufocou as lágrimas.

–Mas está três a um!

–Tem que ser 3x0, 4x1, 5x2...
 
O tempo escorreu como um raio, para o desespero de Aiolia. Quarenta e quatro do segundo tempo. Na casa de Câncer apareceu uma faixa: Avaí, a um minuto do rebaixamento.
 
O juiz deu três minutos de acréscimo. Ouviu-se Shiryu protestar: tudo isso?
 
Tudo parecia perdido quando, aos 47’47”, Shaka ouviu simultaneamente um “filho da puta” e um “goooooooooooool”. O Avaí fazia o quarto.
 
Na TV, os jogadores do time adversário – acho que o Guarani de Palhoça - cercavam o árbitro, que acabara de apitar o final da partida.
 
Aioria estava exultante. Gritava como se o seu time fosse campeão mundial. Na casa de Câncer, Shiryu gritava que “tava impedido, tava impedido!” Enquanto Máscara da Morte berrava algo ininteligível. 

–Pois foda-se! - Finalizou Shiryu, furioso. Depois, silêncio. O Leão comemorava ainda. Shaka suspirou. Não conseguiria meditar por enquanto. Foi quando Aioria abraçou-o, em comemoração.Virgem retribuiu: resolvera compartilhar a alegria do amigo, afinal, que se lascasse se o Avaí lutara para não ser rebaixado ou pelo título do mundial.
 
Surpreendeu-se com um beijo repentino nos lábios. Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Empurrou o leonino.
 
–Ficou louco? - Berrou.
 
–Ah,Shaka... - Falou o Leão,aproximando-se sedutoramente. -Sabe, prometi que, se o Avaí não fosse rebaixado, eu me declararia pra você.
 
–?????????? - O virginiano abriu a boca, estupefato.
 
–É, agora estamos na segundona ano que vem de novo e eu tenho que cumprir minha promessa.
 
–Você está bêbado. Comemore aí bonitinho a vitória do seu Avaizinho, que o titio Shaka vai voltar pra casinha dele, tá?

–Você não vai porra nenhuma. Vai ficar aqui. Comigo e com o meu Avaí.

–Você é doente!
 
–Doente por você! - disse, agarrando Shaka e depositando-lhe nos lábios um novo beijo, cheio de desejo.
 
Os braços firmes do Leão seguravam os seus com força. O coração batia-lhe violentamente; queria fugir, desaparecer, sumir. Sentiu uma mão do avaiano na sua nuca e a outra descer pelo seu corpo.
 
“Maldito Avaí” - pensava. ”Depois que escapar dessa, não vou querer mais nem ouvir falar de azul e branco.” Foi quando se sentiu enrijecer. Aiolia o acarinhava docilmente, principalmente no sexo.
Cedeu, então. Abriu a boca, deixando-a livre para a língua do leonino visitar.
 
Desceu as mãos pelo corpo do outro, agora sedento. O Leão massageava a ereção de Virgem ainda por cima da roupa. Shaka pôs as mãos na cintura do parceiro e puxou a camisa do time, tirando-a pela cabeça.
 
Aiolia rasgou-lhe o sári, enquanto as unhas de Virgem arranhavam sua perna, descendo o calção azul e a cueca de uma cor que nem prestou atenção.
 
Agora estavam os dois nus, lambendo-se, beijando-se, mordendo e se chupando, como dois gatos. Os gemidos competiam com o som da TV, onde Babão Bueno comentava “que jogaço!” e um outro dizia que “o último gol estava impedido”.
 
Aioria fazia caminho com a língua sobre o contorno dos músculos de Virgem, arrancando-lhe suspiros de puro deleite.Shaka,sentindo o outro corpo nu junto ao seu, a língua áspera,os lábios molhados,os dedos atrevidos,o sexo duro,o calor da paixão,a batida de dois corações ansiosos,abriu as pernas,cheio de desejo.
 
–Me come - pediu lascivamente. O Leão roçou os dois sexos, deslizando-se para o ânus do parceiro. Mas não entrou ainda. -Me possui! -Pedia Virgem, extasiado. Nada. Só aquela dança angustiantemente prazerosa, aquela tortura eterna. -Por favor!Não me torture assim! - leia cada pontuação como um gemido.
 
O Leonino puxou Shaka contra si, colocando-lhe os tornozelos sobre seus ombros, vendo, entre as pernas abertas, o buraquinho que tanto desejara possuir, completamente machucado
 
–Shaka!
 
A resposta veio em forma de gemidos e um pedido angustiado: ama-me.
 
–Você tem outro? - perguntou com o coração ferido.
 
–Agora é só você...
 
O Leão, querendo esmagar o adversário, penetrou com força, num só golpe. Ouviu um grito agudo de prazer e de dor.
 
O deleite de estar dentro do ser amado, naquela caverninha apertada e os gemidos convulsivos que sacudiam o parceiro fizeram Aiolia esquecer as mágoas e a dor da traição, mergulhando num mar de tentações, submergindo e emergindo, entrando e saindo.
 
Shaka,alheio ao mundo, à TV e até à sua própria dor, gritava enlouquecidamente de prazer, enquanto sua bunda branca engolia o enorme e grosso sexo do Leão.
 
O irmão de Aioros segurou o pau ereto do parceiro, acarinhando-o entre os dedos. Virgem implorou por mais violência, mais força. Esquecendo o medo de machucar seu amor, o leonino fazia movimentos bruscos em todas as direções, impulsionado pelos gritos de Shaka, como se estes fossem a mais doce das drogas.
 
Num grito prolongado, o virginiano gozou. Suas costas, antes arqueadas, agora tombavam no chão duro, os longos cabelos loiros misturavam-se a amendoins, salgadinhos, castanhas de caju, cerveja e esperma, que ele próprio espalhara por lá.
 
Na TV, ainda se falava do jogo. Ao ouvir o grito de “gooooooooool, do Avaí, Avaizão, Avaizaço!”no replay, o Leão gozou, inundando o corpo do parceiro exausto.
 
Enquanto a TV repassava os lances mais “quentes” do jogo, os dois tentavam normalizar as respirações ofegantes. Aiolia puxou Virgem para o seu peito, abraçando-o. Shaka sentiu algo macio cobrir o seu corpo nu: uma enorme bandeira do Avaí.
 
–Mmmm - fez,satisfeito. -O Avaí precisa ameaçar ser rebaixado mais vezes.
 
–Precisamos esperar por isso? Você pode vir aqui quando quiser, eu sempre te amei. Só não tive coragem de me declarar.
 
–Ora, então, bendito futebol!
 
Riram juntos. Beijaram-se. Ficaram um bom tempo ali, apenas sentindo o calor do outro, até ouvir a voz límpida de Shiryu se aproximar da casa de Leão:
 
–Tchauzinho. Vou voltar pra Libra.
 
–Pô, Shiryu, fica!
 
–Não! Pra te ouvir falar mal do meu time? Nunca!
 
–Ah, mas que é ruinzinho, é.
 
–Ói, de novo. E precisava falar da Copa do Brasil?
 
–Mas aquilo foi...
 
–Cala-boca! Não vou ouvir mais nada!
 
E entrou em Leão. Viu os dois,abraçados, cobertos pela bandeira do Avaí.Riu.
 
–Qual a graça?
 
–Ouvi vocês comemorarem. Parecia que era campeão mundial.
 
Shaka ficou mais furioso que Aiolia. Levantou-se, a bandeira caiu, deixando à mostra o belo corpo nu. Deu de dedo no Dragão:
 
–E você, que foi assistir o jogo em Câncer, podendo fazê-lo em Libra?! Pensa que não sei que foi dar pro Máscara da Morte?
 
Shiryu riu, mostrando os suaves dentes brancos:
 
–Não fui dar. Não tem TV a cabo em Libra, sabia? Por quê? Está com ciúmes?
 
–Não...Quero ficar só com Aiolia agora, tá?
 
–Claro...Eu entendo. Com licença - e saiu.
 
Depois de uns segundos imóvel, Shaka virou-se e abraçou o Leão,sentando-se em seu colo.
 
–Queira me perdoar!
 
–Então era ele.
 
–Era.
 
–Pensei que você seria só meu.
 
–E serei! Não existe mais nada entre mim e Shiryu, além de uma absoluta cordialidade.
 
O leonino sorriu.Meu amor será todo meu, enfim!Pensou consigo. Beijou-o devagar, nos lábios.Beijo de quem tinha a eternidade pela frente.
 
Afundaram no doce calor de seus corpos,celebrando a afinidade mútua que despertava devagar,
embalada naquela languidez terna.

 
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Já era noite quando Shaka resolveu ir embora. Aiolia procurava uma roupa para lhe emprestar, pois o sári não existia mais.
 
–Pode ser o uniforme do ano passado?
 
Virgem riu, vestindo tudo:
 
–Que tal?
 
–Bom, eu sou meio suspeito de falar, porque sou avaiano e te amo, mas está lindo!
 
–Pois - disse. - Acaba de nascer um avaiano doente!
 
–Odeio que o Avaí tome gols, mas nesse avaiano... Acho que eu mesmo vou fazê-los!
 
–Quando tiver jogo, me avise! Venho assistir aqui, com você.
 
–E comemorar também, né?
 
–Claro!

O leonino ficou observando se afastar a encarnação de suas duas paixões, subindo a escadaria, a chuteira fazia barulho de encontro ao chão.
 
Pois é,ali nascia o torcedor a quem o Avaí daria mais alegria,mesmo sendo rebaixado à oitava divisão, sob uma goleada.
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–Ufa,até que enfim.Foi um parto pra terminar.
–Desculpe demorar a ir ao que interessa,é que adoro ver um avaiano sofrendo*.*
–Babão Bueno é mesmo o famoso comentarista da Globo.
–As referências ao “Rival do Avaí” e à “Copa do Brasil”,são mesmo ao Figueirense.
–O Avaí é conhecido como “Leão da Ilha”.
–Mais informações:
http://www.avai.com.br/


-s-s-s-s-s-s-
Comentários (escritos em julho/2015)
Eu ri.  Pra falar a verdade, achei que fosse morrer de vergonha alheia com a minha fic, mas não. Não que eu ache que ela seja uma obra prima - pelo contrário - mas não está tão ruim como eu imaginava. 

Hoje, eu alteraria algumas partes - principalmente o começo do lemon, para sexo consensual. Como eu poderia imaginar que alguém que foi forçado a fazer sexo iria "começar a gostar"? Isso é o cúmulo do absurdo, mas eu só tinha 16 anos e as fanfics que eu lia eram assim, então perdoa-se. 

Quanto ao português: não achei necessário corrigir nada - o que quer dizer que não evoluí nada nesse sentido. 

Ps: quem disse que o Galvão ia narrar o jogo do Bvaí, na segunda divisão ainda?